sábado, 19 de setembro de 2009

Discurso em Camarate

Exmos. Senhores,

Encontramo-nos, hoje, em Camarate para apoiar o nosso candidato António Cunha, que aceitou o convite para liderar o projecto do Partido Social Democrata à Junta de Freguesia.

Como candidata à Câmara Municipal de Loures, quero manifestar-lhe a minha disponibilidade e apoio, e desejar-lhe as maiores felicidades na luta que vai travar para fazer desta freguesia um lugar diferente do que existe actualmente.

Estou convicta que com a sua equipa é possível modificar alguns cenários que se vivem nesta freguesia, nomeadamente, as 26 áreas de génese ilegal e outras semelhantes, cuja legalização vai exigir muito empenho e competência.

Tenho a certeza de que acredita nas potencialidades desta freguesia, que conhece bem os seus problemas, as preocupações da população que aqui habita e que está empenhado em dar a Camarate um novo rumo.
Freguesia desde 1511, Camarate pertence ao Concelho de Loures apenas desde 1895; foi sempre uma freguesia rural com grande património histórico.

Desse património restam hoje antigas quintas e construções desfiguradas, muitas delas substituídas por loteamentos urbanos ilegais ou demolidas face ao novo traçado da CRIL.

Uma visita à freguesia de Camarate mostra que é claramente uma vila desordenada urbanisticamente, onde faltam infraestruturas de construção (face à existência de uma vasta área de construção ilegal), começando pelo sistema de drenagem natural, afectado pela construção indiscriminada e que acentua o risco de acidentes de deslizamento de terras. A desordenação territorial espelha-se, também, na mistura entre áreas de habitação e áreas de pequena indústria, armazéns e oficinas.

Esta freguesia estruturou-se a partir da Estrada Nacional 507 e da Estrada Militar em dois eixos longitudinais, com orientação Norte-Sul, que são a origem do seu desenvolvimento urbano, e um segundo eixo transversal constituído pela Estrada de Fetais.

A CRIL, o Eixo Norte-Sul e o respectivo Nó de Camarate, neste eixo, conferem uma acessibilidade acrescida a este território.

Desde 1992 que se está a desenvolver um Plano de Urbanização para a freguesia de Camarate, cujos objectivos fundamentais passam pela reconversão da imagem urbana da freguesia, alterando o seu sistema viário, proporcionando a legalização das AUGI, criando uma rede de equipamentos, definindo a estrutura verde da freguesia de qualificação ambiental, contribuindo para a resolução qualificada das necessidades da freguesia, quanto ao realojamento dos núcleos degradados integrados no PER.

Camarate tem na habitação o seu principal problema. Há um imenso trabalho a fazer, que apenas com um forte empenhamento do poder autárquico e das instituições locais poderá ter êxito.

A questão da reconversão das AUGI desta freguesia (32% do território) passa por um trabalho que depende, em muito, dos habitantes destas zonas, numa missão muito difícil e demorada, face aos dispendiosos projectos de requalificação.

Ao assumir a Câmara Municipal de Loures, criarei um Gabinete sob a minha direcção para, em conjunto com a população, proporcionar uma solução para a recuperação das AUGI, criando mecanismos para a sua qualificação e legalização.

Camarate, também, vive e sente os problemas em termos físicos, demográficos e sociais que actualmente caracterizam as freguesias do Concelho.

Tem um índice elevado, acima da média Concelhia, de abandono e absentismo nas suas escolas, reflectido nos 1.º, 2.º e 3.º ciclos e no ensino secundário.

Constata-se, ainda, um elevado número de indivíduos sem grau de ensino e uma forte fatia de analfabetismo.

A sua população tem como principal meio de vida o trabalho. Grande parte desta vive do rendimento de propriedade, embora um maior número de pessoas vivam do Rendimento Social de Inserção e a cargo da família.

Constata-se que 35,6% da população não tem actividade económica.

Atendendo à estrutura etária da população, verificam-se índices de envelhecimento muito significativos, tendência registada em todo o Concelho de Loures, embora Camarate seja, na Área Oriental, a freguesia que apresenta uma população mais jovem.

Quanto à estrutura da população activa, nota-se que o sector primário quase não existe, apesar das suas origens. Apresenta maior expressão nos sectores terciário (62%) e secundário (34%).

A maioria da população empregada trabalha por conta de outrem (85% da população).

Também nesta freguesia é elevado o número de desempregados. São os indivíduos com habilitações médias que têm mais dificuldade em encontrar emprego.

Destes cenários resulta a existência de muitas situações de pobreza, face à alteração da estrutura económica da freguesia.

Urge a necessidade de lançar medidas de combate à crise e de estímulos a uma nova actividade económica.

Criar uma comunidade sustentável não é fácil. Exige trabalho, participação e, sobretudo, entender os novos desafios e quais as respostas que têm de ser encontradas.

Ao assumir a presidência da Câmara Municipal de Loures, esta será a primeira medida urgente que dedicarei a Camarate.

Caro companheiro António Cunha, são muitos os problemas que teremos de resolver em Camarate.

Todos os indicadores enunciados, tenho a certeza de que são, também, as razões da sua preocupação e do seu compromisso de trabalhar por esta freguesia, onde todos possam partilhar novas ideias e soluções inovadoras, que passarão por criar condições para melhor reordenamento da circulação automóvel, por melhores transportes e estacionamentos adequados, assim como, por espaços de lazer, não descurando um maior apoio social aos mais carenciados.

Ao ser eleita Presidente da Câmara, criarei para Camarate um plano de acção que se traduzirá num compromisso com a população, durante quatro anos, e que terá como objectivo a resolução das seguintes medidas:
1. A criação de um serviço de atendimento e apoio específico em coordenação com o meu gabinete para a resolução dos problemas das AUGI;
2. Mobilizar a população e os responsáveis locais para o investimento num “Plano de Desenvolvimento Social Urbano”;
3. Transformar o Centro Histórico no centro de encontro da população, depois de passar por uma requalificação;
4. Estruturar e renovar o tecido terciário, potenciando a criação de espaços qualificados, capazes de atrair empresas ou actividades associadas à inovação e desenvolvimento, promovendo o 1.º emprego;
5. A instalação de mais equipamentos sociais para apoio aos mais idosos e às crianças;
6. Acelerar o Plano de Urbanização com vista à reconversão da imagem urbana da freguesia;
7. Investir nas respostas ao nível do apoio social às famílias.

Companheiro António Cunha, vamos ter uma grande tarefa em mãos.

Renovo aqui a minha ajuda e juntos vamos encontrar soluções para colmatarmos os problemas mais visíveis destas populações.

Não temos que ter receio, porque o que nos une são os problemas dos munícipes e as suas soluções, motivos suficientes para alcançar a vitória no dia 11 de Outubro. A vitória do Partido Social Democrata.